Durante os meses de março, junho e novembro, é comum vermos um aumento no volume de campanhas voltadas à diversidade. O problema é quando a prática se limita a isso. Falar de equidade, raça, gênero, inclusão e pertencimento apenas em datas comemorativas pode até gerar engajamento — mas não sustenta transformação.
Diversidade não é pauta de calendário. É compromisso contínuo.
Pensando nisso, a EnterDesign marcou presença no evento Negritudes Globo — evento que percorre São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Salvador, promovendo encontros com grandes personalidades negras — para entender como a Globo, uma das maiores empresas de tecnologia, informação e mídia do Brasil e do mundo, tem atuado em relação ao tema.
E já adiantamos: mais do que um espaço de fala, o evento se firmou como um espaço de escuta, reflexão e ação. A programação trouxe debates profundos sobre identidade e autoestima apontando caminhos para uma mudança estrutural e coletiva — que vai muito além do discurso.
1. Diversidade começa onde tudo começa: no recrutamento
Para além das trocas com nomes como Alcione, Mumuzinho, Tony Tornado e Gilberto Gil, o painel principal do evento trouxe uma provocação essencial: “Como a diversidade gera oportunidades e promove inovação?”
A conversa foi conduzida por Mariana Bruno, gerente de Diversidade e Inclusão (D&I) na Globo, que afirmou: “D&I começa no recrutamento”.
Ou seja, antes de qualquer campanha sobre representatividade, é preciso olhar para quem está ocupando os espaços e quem nunca teve a chance de chegar até eles.
Uma pesquisa da McKinsey reforça a importância de ambientes diversos, apontando que colaboradores em empresas inclusivas têm:
- 152% mais probabilidade de propor novas ideias;
- 62% mais chances de colaborar com outras equipes;
- 64% mais propensão a compartilhar boas práticas.
Olhar para o funil de contratação com uma perspectiva plural é necessário. E “distribuir” oportunidades também é um papel das marcas.
Estar no dia a dia da população exige responsabilidade em cada produto. Este é o tempero que ajuda a criar conexão e inovação.
- Criatividade e inovação nascem da pluralidade
Ao fomentar o poder criativo de equipes diversas, as empresas ampliam sua capacidade de inovar, de contar histórias mais ricas e de oferecer soluções mais completas.
No painel sobre tecnologia e Inteligência Artificial na dramaturgia, a inclusão — que também é a capacidade de manter e valorizar talentos — atravessa as produções. Um exemplo disso é o uso de IA para audiodescrição de novelas, como a Globo implementou na reprise de Vale Tudo, mostrando como é possível expandir a acessibilidade com inovação.
O Festival destacou a importância de cuidar de toda cadeia de diversidade, incluindo o processo de desenvolvimento interno. Afinal, as vivências pessoais também atravessam o trabalho — e é nesse encontro que nascem entregas completas.
3. Marcas que se posicionam de verdade também se ativam de verdade
Além dos debates, o Negritudes também contou com uma ativação da Natura — marca 100% brasileira que vem investindo em cosméticos voltados para pele negra e ampliando a representatividade nas suas campanhas publicitárias.
Com ações que reforçam identidade, pertencimento e autenticidade, o posicionamento também se faz no detalhe, na experiência cotidiana.
No fim, o recado é direto: D&I é decisão de crescimento para o negócio. As empresas que entenderem isso não apenas estarão no presente, mas ajudarão a construir o futuro — com mais equidade e protagonismo.