Uma marca se torna tão forte a ponto de não precisar de um logo para ser reconhecida quando atinge um nível de identidade visual, reputação e associação simbólica extremamente consolidado. Isso acontece quando elementos como cores, tipografia, símbolos, sons ou até o próprio nome se tornam instantaneamente reconhecíveis.
Exemplos de marcas extremamente fortes:
- Coca-Cola – Mesmo sem o logo, apenas a cor vermelha, a tipografia e até o formato das suas embalagens características já remetem à marca.
- McDonald’s – O amarelo e o vermelho ou até mesmo o formato de seus produtos, como a batata frita em embalagem icônica, já são identificáveis.
- Apple – O design minimalista dos produtos e embalagens, assim como o design de suas comunicações, fazem com que a marca seja reconhecida sem a logo.
Inclusive, o McDonalds está testando um modelo de campanha sem o seu logotipo ou elementos visuais icônicos da marca, apostando no poder do reconhecimento espontâneo. A campanha roda no Reino Unido com o mote “Iconic needs no explanation” (ícones não precisam de explicação), criada pela Leo Burnett.
(fonte: https://www.publicitarioscriativos.com/mcdonalds-testa-modelo-de-campanha-sem-o-logotipo-e-os-elementos-visuais-iconicos-da-marca/)
A campanha utiliza elementos sutis que compõe a identidade da marca como suas embalagens e como os produtos são apresentados, sem depender de logos ou cores específicas – elementos mais tradicionais do reconhecimento da marca. O McDonald’s acredita que possui uma conexão emocional tão forte com seus clientes, que não requer uso de qualquer elemento gráfico tradicional da sua identidade.
Como uma marca pode chegar a esse nível?
- Consistência visual e sensorial: usar cores, formas e até sons (como o start-up sound da Apple ou do Netflix ou o ba-da-ba-ba-ba do McDonald’s) de forma consistente.
- Qualidade e posicionamento: produtos, serviços ou experiências do consumidor que criam associações fortes na mente do consumidor, o remetendo diretamente a uma marca A ou B.
- Cultura e emoção: marcas que transcendem o produto e viram parte da cultura popular. Ou seja, marcas que são preferenciais para o cliente e são escolhidas pelo emocional ao invés do racional, já possuem uma forte conexão com seu público. Nestes casos, a menor evidência que faça o link à marca já gera a identificação (e/ou associação) por parte do seu público.
Nem todas as marcas conseguem esse feito, mas as que alcançam esse patamar podem até considerar não utilizar a logo em todas suas aplicações e, ainda assim, serem instantaneamente reconhecidas.
Essa estratégia vai além da criatividade pois, com sucesso, afirma a força que sua marca e o branding têm junto ao público. Diferente do que muitos clientes e profissionais amadores do mercado publicitário acreditam, a comunicação deve ser sutil e se usar do mínimo de recurso visual para chegar no reconhecimento da marca e do interesse do seguir. O famoso “menos é mais”. Nos últimos anos, grandes marcas têm apostado na força do branding e no uso consistente e minimalista da sua identidade para dar força a marca e para seus produtos se comunicarem de maneira mais autêntica e impactante.
Além disso, como não é uma “propaganda” direta e explicita, mas que gera aquela sensação de “eu já vi isso em algum lugar”, esta abordagem traz engajamento e curiosidade do público. Sem os símbolos visuais habituais, a campanha convida os consumidores a fazer parte do jogo, desafiando-os a reconhecer os produtos apenas por sua apresentação. Esse tipo de interação fortalece ainda mais a conexão emocional com a marca.
Considerando o cenário global que temos hoje, onde se possui acesso a diferentes marcas, produtos e apelos visuais, verbais e emocionais diferentes, o desafio de ser percebido e identificado é cada vez maior. Neste contexto, campanhas criativas e consistentes à marca geram um reconhecimento imediato de forma instintiva pelo público, e este tende a ser a solução ideal para se manter no topo das acirradas disputas comerciais atuais.
A inovação no marketing não se trata apenas de criar algo, mas de desafiar as convenções e apostar no branding como o ingrediente principal para o sucesso e longevidade das marcas.
Por: Mauricio Abrahão